quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Rua vazia

Subia a rua a Maria
E a noite não a via
Na calçada que temia
Os pés da Maria

A telha batia
A lua chorava
O gato chamava
A floreira dormia

E na rua ao lado
A vida apressada
Não parava e corria
Cafés e folias

A mãe não deixava
O pai impedia
E na noite chovia
No luar da Maria

Na rua o canteiro
Completo de encanto
Enfeitava e vertia
Água de utopia

A passarada falava
Em bandos de nada
Na roupa curada
Que a mola prendia

A sombra sentia
O xisto pedia
E a rua corava
Enquanto anoitecia

E veio uma noite
Que gato não mia
Velho banco vazio
E a lua crescia...

Já tardava no dia
No sol que descia
Alguém o tapava
Na flor que ela queria

E na rua ao lado
O cigarro ardia
A loja já tarde
Fechava vazia

Rajadas de vento
Luzeiro faminto
Ilusões na noite
Pedindo alegria

Na rua apresada
Sem tarde e sem dia
De uma levada
Levou a Maria

Cristina

1 comentário:

  1. Quantas Marias são levadas na sombra das pedras da calçada e das ruas sem nome...

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