quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Os tempos choram a liberdade das crianças


Esta vida, que nos dias de hoje se torna cativa
Num mundo virtual que se torna real
Deixando ao longe um reconhecimento profundo
De uma vida travessa, nas portas do quintal
Onde estão
…todas as crianças do mundo
Que brincavam com magia na terra e no trigal?
Só subiam a casa quando as noites eram frias
Ou nos dias travessos em que se portavam mal
Falta o ralhar das vizinhas, das flores que arrancavam
Nas brincadeiras no murro do quintal
Até as bicicletas caídas, pedem o mercúrio para as feridas
Com tantas saudades que têm, de andar…
As janelas secam os olhos, de não ver os miúdos
A pedir água, de tanto correr e saltar.
Já não há fogueiras ateadas e, alcachofras contadas
Nas noites mais ansiadas das canas cortadas
Eram focos as crianças que corriam nas ruas
Sempre iluminadas com o cheiro da terra palmilhada
nessa partilha e troca de flores
A liberdade foi cortada, por tanto protegermos as crianças
Neste mundo, polémico e mediático
Nesta suposta evolução, onde aparece tanta dor!

Cristina


2 comentários:

  1. Já não vejo grupos de crianças a brincar em grupo na rua como nos meus tempos à apanhada, às escondidas... as crianças hoje em dia quase não sabem brincar... e é a brincar que mais se aprende (pais e avós mea-culpa!!!)

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  2. calmex: ainda há dias fotografei crianças na rua a jogar ao ... berlinde! sim, ainda existe réstia de brincadeiral lá fora, quintais talvez nem tanto mas jardins, parques, ringues de skate (a coisa tem um nome mas não me ocorre... talvez skate park...) e da minha janela ao almoço vejo miúdos no pátio a jogar a tudo e mais alguma coisa mais os namoricos da ordem; e depois há as Alfamas e Castelos onde amiúde encontro boladas e correrias no asfalto e nas calçadas, mais os ditos skates a deslizar em acrobacias sem capacete e de calças rigorosamente descaídas para mostrar as boxers... ainda há vida debaixo do sol

    mas atenção, há novas geografias e brincadeiras, variadas solicitações e menos ... miséria, o que justificava muito do bucolismo dos miúdos o dia inteiro lá fora, alguns descalços como na minha infância e que entravam de sopetão à hora do lanche para a minha Mãe distribuir uns pãezinhos de chorar por mais

    claro que hoje as mães já não estão em casa, pelo menos tão frequentemente, e a moçada convive por sms e computador, têm acesso a livros, música e cinema como antes só em dias de festa

    são apenas novos tempos e outros meios, felizmente mais saudáveis e de maior bem-estar material mas com outros problemas e diferentes formas de convívio, é vê-los a chegar a casa às 7 e 8 da manhã

    mas as observações e a poesia são atentas e sensíveis, dou os meus parabéns e conto voltar a este blog

    e tentarei dar com o "Corcel" pois só o nomezinho cativa e o que li no blog também abre o apetite a mais leituras da Feliz Autora

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