terça-feira, 27 de outubro de 2009

Senti uma lágrima

Senti uma lágrima a querer balançar
Na rua do sal, presa a sufocar
Senti uma lágrima nas ondas do tempo
Numa cara triste, brilhando em tormento

Senti uma lágrima, devagar…devagar…
Colada ao rosto, não me queria deixar
Eu lavei o rosto, a tentar disfarçar
Mas ela era minha, insistia em rolar

Eu prendi a lágrima, não deixei passar
Ficou presa ao rio, que me queria afogar
Caiu na garganta, num gole de ar

Mas um pingo de água, conseguiu passar
Caiu numa folha, num sonho a voar
Levado num sopro, perdeu-se no mar

Cristina



Mulher de Outono


Despe-te...
Toca-me...
Vem de uma lufada
Sou folha de Outono
Relógio em enrugada
Num tom amarelo
Já quase velada
Espero o teu vento
Num banco sentada
Sem medo do tempo
Sem medo de nada
Só quero o teu vento
Perdido em nortada
Na estrela imensa
Que fica acordada
Na luz do teu dia
Falua que guia
Em noite esguia
Letra apaixonada
Em noite...
Em dia...
Ventania amada
Paisagem Idónea
Um corpo Éden
Em vento de rajada
Cristina

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

BENFICA EM GRANDE

A equipa do Benfica que ganhou ao Everton 5-0
Hoje venceu ao Nacional por 6-1


O meu Benfica está em grande
Andam lá os rapazes a jogar sem parar
Que nada os impeça de continuar...
Eu cá estou!... Para festejar!
Está linda a foto!...
Com o mérito de quem sabe bem fotografar,
o meu amigo (primo) Gonçalo Lobo Pinheiro
Que é um fotografo, que se pode bem elogiar.
Este vermelho destaca-se no verde...a arrasar!

Cristina

sábado, 24 de outubro de 2009

Apresentação do livro"Contos Anarquistas" de PEDRO BARROSO





No passado dia 22 de Outubro de 2009 foi a apresentação do livro “Contos Anarquistas” pela Editora Temas Originais, do grande cantor, músico e escritor PEDRO BARROSO. Um momento inesquecível de cultura e boa disposição. Uma apresentação, forte e emotiva, deixo aqui algumas das fotos dos bons momentos, fotografadas e oferecidas por o amigo José Alex Gandum.

Musica de Pedro Barroso




quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Rua vazia

Subia a rua a Maria
E a noite não a via
Na calçada que temia
Os pés da Maria

A telha batia
A lua chorava
O gato chamava
A floreira dormia

E na rua ao lado
A vida apressada
Não parava e corria
Cafés e folias

A mãe não deixava
O pai impedia
E na noite chovia
No luar da Maria

Na rua o canteiro
Completo de encanto
Enfeitava e vertia
Água de utopia

A passarada falava
Em bandos de nada
Na roupa curada
Que a mola prendia

A sombra sentia
O xisto pedia
E a rua corava
Enquanto anoitecia

E veio uma noite
Que gato não mia
Velho banco vazio
E a lua crescia...

Já tardava no dia
No sol que descia
Alguém o tapava
Na flor que ela queria

E na rua ao lado
O cigarro ardia
A loja já tarde
Fechava vazia

Rajadas de vento
Luzeiro faminto
Ilusões na noite
Pedindo alegria

Na rua apresada
Sem tarde e sem dia
De uma levada
Levou a Maria

Cristina

domingo, 18 de outubro de 2009

Equilíbrio e Estilo

Mantenho o meu equilíbrio
Não vacilo
Nem com vaidade
Nem mediocridade
Sigo o meu estilo
Agarro num sorriso debotado
Que cheira a lavado
Faço um quadro

Dentro do pensamento
Se for bom o gosto
Ninguém o paga
Entrega-se numa imagem
Que se guarda
Pedra sobre pedra
Sem uma montagem brejeira
Que se arrecada

Cristina

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Tocar no tempo


Hoje queria tocar no tempo
Com toda a calma do vento
Aquela que nem sempre me apraz
A calma que só se sente
Quando se tem o amor à frente
No silêncio que ele traz
A calma do toque de um beijo
O alento da mão a amar
O meu olhar com respeito
No doce do teu olhar
Venerar o teu sorriso
No segredo do nosso olhar
Segredar-te ao ouvido
Na leveza de te mimar
E sentir que parou o tempo
Só depois dele passar

Cristina

domingo, 11 de outubro de 2009

Nina vitória

Serenai...
Entre as brumas da glória
Adormece...
no sonho da tua história
Serena de mal e bem
Nina vitória...
Os teus sonhos são memória
O que interessa a pátria de onde vens?
Serena a ajuda, meu bem
Não o receies, além…
Se há Heróis, não há medos
Se não o mundo estava quedo
Cheio de filhos da mãe
Embala nesse sono o segredo
De seres o afoite de alguém
…Homem…macaco…
A coragem é que convém!
Cristina

sábado, 10 de outubro de 2009

Sigo por uma estrada...


Todos os dias sigo por uma estrada,
por uma estrada com curvas e lombas,
sigo também em rectas
e por todas abro bem os olhos...

Olho na frente e suas bermas, carregadas de cores,
que mudam no espaço e no tempo.
Vejo murros cinzentos e gradeamentos,
rosinhas e rosas algumas já murchas
outras lindas e viçosas.

Campainhas abertas que mudam
em cada manhã descoberta,
em cada história que é certa
numa paisagem deserta
ou coberta de papoilas, azedas e trevos.

Imagens pintadas nas estações e no tempo…
A vida o momento e o movimento...

O gato que salta,
no miar do tempo corre e trepa,
numa árvore robusta ou noutra já seca,
o cão que não o vê,
envolto no rebanho que passa.

O cavalo parado, preso na corda
muito bem amarado
com o alimento ao lado,
em fardo compresso de palha.

Contemplei as begónias, num murro risonhas,
brancas e rosáceas em cachos vertidos,
junto às trepadeiras nos arames farpados.

Escutei o riso e o choro das crianças
que acordam na beleza da manhã…
O orvalho caído em formosura cristalina e límpida,
no verde das folhas ainda bem hirtas e maduras,
numa gota transparente e pura.

Havia no tempo fios repletos de andorinhas,
num aroma a maça, de uma manhã…
só mais uma com gomos de romã
e brincos de cerejas, num cheirinho a hortelã!

Frutos que nascem…na memória que esboça,
dos caminhos passados. ..
No cheiro a pinheiro e no fruto do marmeleiro
…de quem passou por lá!
No sibilar do andar do vento…

Cristina

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Lágrimas de esperança

Todo este tema da Mutilação Genital Feminina deixa qualquer um sensibilizado, são culturas com actos que jamais um de nós daria credibilidade. É difícil acreditar que algures pelo mundo existem culturas que de um acto tão doloroso são capazes de festejar energicamente. Se nos dessem oportunidade certamente mudaríamos este acto cruel!
Dedico este meu poema a todas as mulheres que sofrem com este flagelo!



Olhar de menina
Em saia de mato
De cara franzina
E olhos lavados

Sua boca é linda
Seu correr é mor
Suas mãos embalam
No peito o valor

És mulher garina
Roubaram-te a cor
Prendes ao cabelo
Uma flor com dor

Guardas no sling
A mais garotinha
Nas lágrimas dos olhos
Que só lhe aguarde o amor


Cristina

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Ensina-me a mendigar


Hoje...
Não fales comigo
Apetece-me calar
Olhar nos teus olhos
Entender e sonhar
Não sentir cada ruga
Que disputa a brigar
Estou farta de ouvir
Conversas…
Chagas…
Mazelas…
De quem, não sabe sonhar
Não digas nada!
…Ouve só o silêncio
Ensina-me a mendigar...!
Cristina

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Velho do mar

Seus olhos, olham para o rio
Defuntos de uma alma
Em correntes de corrupio
Nas vertentes que acalmam

Presos de cruz e ardor
Numa página que lhes fugiu
Lobos despidos nas escuras
Aguardam nas noites pardas

Das forças penadas e puras
Passeios de muita calma
A bengala que os segura
E o velho cão que os guarda

No mar já deixaram a fraga
A bússola e a amarra
Só sobram as ilusões
Dos casacos com brasões

Decorados com botões
De choros de muita mágoa
É uma solidão a dois
Esperado o farol na plaga


Cristina