domingo, 30 de agosto de 2009





O silêncio das flores


Procuro nos subúrbios de mim
Aquela palavra para ti…
Ela omite-se!?
Incomoda!?
Será a força de uma flor,
Que não interessa a cor
Nem o desfolhar da dor?

Cobre-se o céu
Ao mudar o luar

Acorda o jardim
Que se defendeu
Libertando aromas…
Cores…

Nas flores que se beijam
Sem palavras
Regadas por um pé-d'água
Dos medos vindos do nada
Que eram todos teus?
Ou seriam meus?

Cristina

sábado, 29 de agosto de 2009

Corpo de Corcel


Passo a mão sobre a areia
com o amor a tecer sem peia
numa noite ao luar.

Guardo o quarto, guardo a meia
abraço a lua cheia
na ânsia de te abarcar.
Teu corpo é como um corcel
correndo num cavalgar
que sorve na lua cheia
despido para amar.

És doçura és a tela e o pincel
facho de luz a crepitar
percorrendo na minha pele,
lustro que pega como o mel
num crepúsculo ao acordar.

Não és noite, já és dia
correndo na praia nua
sentindo o sol a raiar.

Almas gémeas
unindo o céu e o mar.
Cristina

Mulheres do rio

Mulheres que lavam no rio
com água e sabão,
para ganhar o pão.

Mulheres de coragem
para distracção
cantam uma canção.

Mulheres de força
com a mão no sabão,
olham para o rio
com o coração.

No campo as papoulas
onde está o cordão,
roupa branca pura
que cheira a lavado.

Mulheres do rio
que as viu partir
de alguidar na mão.

Ainda sente
a saudade,
de ser embalado
na sua canção.

Cristina

Fadista


Não chames fado à morte
Se o fado és tu quem o cantas
Vai lá beber, um copito
Que não te seque a garganta

O rio corre deitado
Correndo vai a algum lado,
Cantando o fado
Na manta.


Ó fado! Ó fado!
Quando colheres o lavrado
No cultivo lado a lado
Reza ao vinho abençoado
No xaile branco e bordado
Limpando o nó da garganta

E chama lá a aurora
Que ela vai chegar na hora
Das flores tomarem cor
No brilho da uva santa

Quando cantares à noite o fado
De manhã o sol levanta

O rio corre deitado
Correndo vai a algum lado
Cantando o fado
Na manta.

Dedico a um fadista, abençoada garganta!

Cristina

Espelho do Tejo




Linda varina com graça
na minha terra todos os dias
vende na praça.

No pé leva a chinela,
que linda saia rodada
de canastra na cabeça
lá esconde o que vai dentro dela.

A garra da mulher da praça!

Vende com muita chalaça
vem ai uma pregão,
a graça que vai sair.

- Olha que bonito peixe,
leva menina bonita
p`ra o teu marido comer!
E os varino com jeito
levam ela no seu leito,
no rio
que lhes dá de comer.


Este Tejo de varinos
que passa na minha terra
ternas correntes de amor
levam o vento
em águas frias, meladas,
muitas vezes aquecidas
outras vezes embaladas
em noites de alvorada.

Espelho-me nessas águas
numa aliança de amor.
No meu peito, eternamente
guardada,
no Tejo do meu amor.


Cristina




sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O rouxinol da saudade

Foto -Filhos do Vento - Cavalos Lezireiros

A Vila, já foi muito grande
Passou a pequena Cidade
Mas nos meus olhos que vêem
Ela é enorme de verdade
Quando ela, eu desabito
Vai comigo um rouxinol
Que fala dela com saudade
E assim que a ponte avisto
Apodera-se do meu peito
Uma sensação de liberdade
Corrente de campos de trigo
No rio que canta a saudade
Na tradição eu me visto
Em Vila Franca eu me dispo
Na Xira que o amor guarde
Cristina

Presença...





Se...
encontrares um amigo
Será que é de verdade?
Podes ser, até um vício
Ou até uma vaidade

Um amigo é um abrigo
Que se esconde, com vontade
Não precisa de ser visto
Mas sabe dar claridade

Não te diz o que tu queres
Nem sempre tem disponibilidade
Mas, quando é mesmo preciso
Te dá a mão com vontade

Deixo-te aqui um aviso...
Podes ter até um amigo
E ele logo, aí estar...
Nunca te deixes ser submisso
Nem te agastes com a maldade

Não há melhor que o teu sorriso
E seres teu amigo, de verdade!


Cristina